Estágios dominam debate sobre acesso à profissão jornalista
O tema dos estágios no jornalismo monopolizou a sessão sobre o “Acesso ao ofício de jornalista”, no segundo dia do Congresso de Jornalistas. O painel, que contou com três oradores, Ana Isabel Reis, da Universidade do Porto, João Pedro Fonseca, jornalista da Lusa, e Ricardo Alexandre, jornalista da TSF, destacou a dificuldade dos aspirantes a jornalistas na entrada no mercado de trabalho.
Ana Isabel Reis, docente da Universidade do Porto, destacou os estágios como um dos primeiros contactos diretos com o jornalismo, mas lamentou o facto de as redações nem sempre terem possibilidade de acompanhar os estagiários. “Não há espaço para acompanhamento e não havendo espaço para acompanhamento, o estagiário fica por sua própria conta”, adiantou.
Por outro lado, não se pode esperar, referiu a professora do Porto, que as instituições de ensino prepararem completamente os seus alunos para o mercado de trabalho, porque tem de haver uma adaptação ao meio de comunicação em causa. “Cada órgão tem a sua própria linha editorial, que não é necessariamente aquela que coexiste com as regras, os regulamentos, os códigos e tudo aquilo que nós achamos que é correto”, explica.
O facto de estagiário não poder assinar a sua própria peça, já que o Estatuto do Jornalista ainda não o permite, foi ainda apontado como um problema que dificulta o acesso à profissão. Numa tentativa de ultrapassar este constrangimento, a Agência Lusa, referiu o jornalista João Pedro Fonseca, tomou a decisão de deixar o estagiário assinar a peça, sendo o editor a assumir a responsabilidade. “A solução que nós arranjámos na Lusa, e que eu acho excelente, é que, sim, o estagiário assina, mas o editor assina com ele, sendo responsável pela peça, até em termos criminais”, adiantou.
Apesar de todos os entraves que se possam encontrar no processo de transição de estudante para jornalista, não é solução abandonar o sonho. “Se têm paixão pelo jornalismo, não desistam”, refere João Pedro Fonseca.