Profissionais conversam com jovens jornalistas

Profissionais conversam com jovens jornalistas

“Nunca foi tão difícil ser jornalista, mas também nunca senti tanta determinação em ser jornalista”. Perante a incerteza no panorama da Global Media, Cristina Lai Men, jornalista da TSF, demonstra o seu descontentamento mas não perde a esperança, porque os jovens saem cada vez mais bem preparados das universidades.

Numa mesa redonda com jovens jornalistas, que juntou Catarina Reis (Mensagem de Lisboa), Cristina Lai Men (TSF) e Rita Murtinho (Freelancer – RTP), as profissionais da informação referiram que o facto de serem mulheres nunca afetou o seu trabalho, nem se sentiram discriminadas por isso. Porém advertiram que a idade pode ser um fator de desequilíbrio quando se entra numa redação: os jornalistas séniores nem sempre têm tempo para dar o apoio necessário a quem chega, da mesma forma que os jovens jornalistas podem sentir dificuldade em impor as suas opiniões.

Quando questionadas sobre a necessidade do imediatismo na informação diária, as três jornalistas concordaram que a falta de tempo pode ser um problema. No entanto, não se podem descurar as fontes e a pesquisa da informação antes de publicar. Cristina Lai Men resumiu este aspecto com um dos lemas da TSF: “Dar a notícia depressa, mas dar bem”. Catarina Reis ressalvou a importância de preservar o sentido de responsabilidade na passagem de informação.

 

Alguns dos estudantes presentes colocaram questões sobre o panorama de incerteza na comunicação social, focando-se na viabilidade da profissão. Cristina Lai Men, dada a situação atual da TSF, confessou que já considerou várias vezes abandonar a profissão, mas o gosto pelo jornalismo “ainda fala mais alto”.

Catarina Reis acredita que fazer jornalismo “ainda vale a pena”, pois sente que o seu trabalho continua a ter impacto. Garantiu que continuará a ser jornalista “enquanto der para pagar as contas”, não deixando de ressalvar que não se deve “romantizar a situação”. “Alimentar o sonho, sim. Mas ter amor próprio também”, complementou Rita Murtinho.

No que toca aos estágios, as oradoras consideram que este período deve ser o mais rico possível e deve também ser um espaço para errar e aprender. Incentivaram os estudantes a procurar redações onde possam ter alguém que os acompanhe, o que, apesar de algumas exceções, pode não ser possível nas grandes redações.

Para Rita Murtinho, um jornalista deve “trabalhar e estudar muito”, pois “os jornalistas não são especialistas em tudo. Vão-se especializando.” Já Cristina Lai Men defende que deve haver a coragem de dizer “não”. Um dos exemplos que destaca como precariedade é o de um jovem jornalista ser levado a fazer de tudo numa redação porque, se não o fizer, pode ser despedido. “Se todos dissermos que não, alguém tem de fazer alguma coisa”.

No final da sessão, houve quem quisesse saber se, para exercer jornalismo, “é necessário estar em Lisboa”. Apesar de exercerem a sua profissão na capital, todas as participantes na mesa redonda concordaram que o jornalismo local é essencial e, mesmo podendo não ser tão aliciante como o que se faz numa grande redação, pode ser igualmente importante.

Por: Rita Lourenço | Universidade Nova de Lisboa
Fotografia: Letícia Oliveira | Universidade do Minho