Como ensinar o ofício: “o repórter é alguém que está em construção”

Como ensinar o ofício: “o repórter é alguém que está em construção”

Pode formar-se um jornalista, mas os repórteres constroem-se no terreno. No painel “Como ensinar a ser repórter”, Cândida Pinto, repórter da RTP, e Paulo Moura, repórter freelancer, chamaram a atenção para a importância da ‘tarimba’.

Para que nasça um repórter, defende Paulo Moura, tem que haver “paixão da escrita, das paisagens” e a “vontade de salvar e mudar o mundo”. Daí a dificuldade de ensinar um repórter, porque esta profissão, diz, passa pela praticidade. “Aprendi fazendo”, concluiu. Cândida Pinto destacou algumas qualidades de um repórter, como a “curiosidade extrema, uma disponibilidade para o desconforto” e “capacidade de adaptação a circunstâncias pouco amenas”, que também só se aprendem no terreno. A repórter da RTP resume ainda o ofício à capacidade de dar ao ouvinte ou leitor elementos novos para a compreensão do que está acontecer.

Ambos os repórteres falam da importância do contacto com a realidade, de uma mente aberta na altura de sair em reportagem e de primar pela ousadia e criatividade. Assim, um repórter pode começar no ensino, mas complementa-se de forma decisiva com os aspetos práticos que se aprendem no exercício da profissão. Cândida Pinto rematou: “O repórter é alguém que está em construção.”

Por: Allanah Esteves ISCTE | Bruna Margalho Nova FCSH | Sofia Sousa UTAD
Fotografia: Afonso Rodrigues | ISM Torga