Ecos do 5º Congresso dos Jornalistas Portugueses. O que é que os órgãos de comunicação social dizem do evento?

Ecos do 5º Congresso dos Jornalistas Portugueses. O que é que os órgãos de comunicação social dizem do evento?

Chegou o momento de fechar o 5º Congresso dos Jornalistas. Durante os quatro dias, o Cinema São Jorge recebeu jornalistas e estudantes de todo o país para debaterem e conversarem sobre o estado do jornalismo e encontrar possíveis soluções para os problemas da profissão. Afinal, o que é que foi mais falado “fora” do Cinema São Jorge?

Numa análise de 23 notícias em diferentes órgãos de comunicação, tanto nacionais como regionais*, o tema mais noticiado foi o discurso do Presidente da República, na sessão de abertura do Congresso, no dia 18 de janeiro. 

O debate sobre financiamento do jornalismo pelo Estado foi outro assunto noticiado em vários órgãos, nomeadamente o que decorreu entre os representantes dos grupos parlamentares este sábado.

Para além do financiamento, também se falou da precariedade, das dificuldades e do estado atual da profissão com recurso a entrevistas ao presidente da comissão organizadora, Pedro Coelho, e a informações faladas nos painéis.

Como é natural acontecer antes de grandes eventos, também existiu a publicação de várias peças de antevisão do Congresso, com informações gerais de como iria decorrer. 

O que têm a dizer os jornalistas?

A redação do Congresso foi falar com três jornalistas que cobriram o evento, Rúben Martins, do jornal Público, Irina Melo, da agência Lusa e António Cotrim, fotojornalista da agência Lusa. 

Todos reconhecem a responsabilidade de dar a conhecer ao público os assuntos abordados . “O que se passa dentro do Congresso, tem de sair destas quatro paredes do Cinema São Jorge”, diz Rúben Martins. 

Irina Melo confessa que encarou a cobertura do Congresso dos Jornalistas com alguma indecisão, dado que “é muito difícil para um jornalista cobrir coisas da sua própria área.” A proximidade à temática do jornalismo pode criar dificuldades na cobertura deste evento. “O que é que o leitor, em geral, que gosta de se informar, quereria saber disso?”, questiona-se.

Ao contrário de Irina Melo, Rúben Martins acredita que é mais fácil quando já se conhece bem a realidade sobre a qual se escreve, constituindo “uma vantagem e não tanto uma desvantagem.”

O jornalista do Público reforça a necessidade de aumentar a periodicidade do Congresso. “São essenciais naquilo que é o debate conjunto da nossa função de serviço público.”

Irina Melo defende também a integração de mais temáticas: “O Congresso tem muito um tema único e há muitas coisas do dia a dia do jornalismo como a ética, a ideologia, as incompatibilidades, como fazer o nosso trabalho ou como pensar jornalismo, que ficam de fora disto.”

António Cotrim mostra também preocupação pelo futuro da profissão e do poder efetivo que este Congresso terá a longo prazo. “As moções são aprovadas em congressos e, a partir de amanhã, ainda que vá ser diferente, depois continua tudo igual”, critica.

Para os entrevistados, o balanço destes quatro dias é positivo, porém, Rúben Martins aponta que o Congresso se focou muito no “lado negativo da profissão” e foram pouco falados “aqueles casos de sucesso, aqueles faróis de esperança”. Rúben Martins acrescenta ainda que o jornalismo “também tem coisas boas e é preciso mostrar que se acredita muito no futuro desta profissão”.

 

*Órgãos analisados: Rádio Renascença, Expresso, TSF, RTP, ECO, Viana TV, A Voz de Trás-Os-Montes, JM Madeira, CNN Portugal, Jornal de Notícias, Diário de Notícias, SIC Notícias, RUM, Dinheiro Vivo, Diário do Minho, Correio da Manhã e Jornal de Negócios

 

Por: Maria Carvalho | Universidade do Minho e Sofia Reis | ISCSP
Fotografia: Tiago Sousa | Universidade do Algarve