Daniel Catalão: “Ou queremos editores em sistemas de inteligência artificial ou queremos jornalistas”

Daniel Catalão: “Ou queremos editores em sistemas de inteligência artificial ou queremos jornalistas”

“They can’t do journalism, they can’t replace (journalists)”, afirmou Josh Dzieza, jornalista de investigação e editor da revista de tecnologia norte-americana The Verge. O jornalista norte-americano foi um dos oradores do painel “A ameaça (ou oportunidade) da inteligência artificial”, no dia de encerramento do 5.º Congresso dos Jornalistas e sublinhou que a inteligência artificial pode ser aproveitada e usada como suplemento no jornalismo, mas não como uma substituição.

O painel foi moderado pela professora do ISCTE Ana Pinto Martinho e contou ainda com o jornalista da RTP, Daniel Catalão. “Como é que a inteligência artificial vai dificultar o jornalismo?”, questionou o autointitulado “tecnólogo”. Daniel Catalão referiu que olhar para a inteligência artificial é importante e que deve haver um conjunto de cuidados. Durante a conversa, apresentou dados de um estudo por ele conduzido, em que se salientou a preocupação dos inquiridos de que o trabalho humano seja substituído pela inteligência artificial.

“O prego não prega sozinho, precisa de um humano, a inteligência artificial não”, avisou Daniel Catalão. O jornalista português acrescentou que a inteligência artificial não se trata de mais uma ferramenta, é uma evolução que faz, responde e aconselha.

Josh Dzieza abordou ainda a questão da desinformação: cada vez mais é difícil perceber o que é falso ou verdadeiro, como no caso dos vídeos deepfake, uma tecnologia que permite inserir artificialmente caras de pessoas em vídeos colocando-as em situações falsas. Por isso, vídeos, fotos e outros conteúdos que chegam aos jornalistas através da Internet, rede sociais, etc, devem ser escrutinados e, sobretudo, é muito importante perceber o seu contexto e qual a sua fonte.

Ana Pinto Martinho concluiu que a inteligência artificial exige uma abordagem cuidadosa e colaborativa entre jornalistas e desenvolvedores de tecnologia, e que é necessário que a inteligência artificial seja usada de forma responsável e ética.

Por: Marta Segundo | IP Portalegre
Fotografia: Melissa Dores | ESEC