Como deve evoluir o ensino em Jornalismo?

Como deve evoluir o ensino em Jornalismo?

As universidades deveriam ser mais teóricas e não andar a ensinar “a mexer em Photoshop e gravadores; isso depois aprende-se.” A afirmação de Sofia Palma Rodrigues, no painel dedicado ao ensino do jornalismo em Portugal, gerou burburinho juntos dos estudantes que estavam na plateia do Cinema São Jorge. Se para os alunos, o mais aliciante costuma ser a prática, para Rodrigues o mais importante, e de que sentiu ausência enquanto universitária, não está nas ferramentas: espírito crítico, cruzamento de disciplinas, educação para a cidadania, ética e deontologia e autonomia. A intervenção da jornalista do DIVERGENTE apontou para a relação com a tecnologia, concluindo: “quanto mais os jornalistas se distanciarem do trabalho do robot, melhor será o seu trabalho”.

O painel contou com a professora da Universidade do Minho, Sandra Marinho, que destacou caminhos para o futuro do ensino em jornalismo, nomeadamente para as novas realidades do que é uma redação. O diálogo teve ainda como foco a relação com a profissão, aliás, que, sendo apresentada como uma paixão, obscurece o lado precário e mal pago do ofício.

Miguel Crespo, outro interveniente no painel, distanciou-se deste posicionamento, considerando ser essencial a capacidade de superar a inteligência artificial, que inevitavelmente estará presente no futuro da profissão. Compreensão das plataformas e das tendências de consumo, diferenciação ética e deontológica e defender a língua portuguesa foram outros caminhos apontados.

 

No encerramento da sessão, em reposta à redação do Congresso, Sandra Marinho e Sofia Palma Rodrigues deixaram dois conselhos aos jovens que tencionam ingressar nesta área: acumular experiências e não ter medo”. A professora da Universidade do Minho incentivou os estudantes a não se deixarem “amedrontar, não ter vergonha de fazer perguntas e participar em aula”.

 

 

Por: Mariana Rebocho | Universidade Autónoma de Lisboa
Fotografia: Afonso Rodrigues | Instituto Superior Miguel Torga