“Preservar a memória não dá lucro”

“Preservar a memória não dá lucro”

Os meios de comunicação social não têm prática de preservação dos arquivos, e por isso “já se perdeu muita coisa de jornais mais antigos como, por exemplo, do jornal «O Século»”. Sofia Craveiro, jornalista do Gerador,  defendeu a importância dos arquivos, para preservação da história e dos jornais, no segundo dia do 5.º Congresso de Jornalistas, acrescentando que apenas na RTP tem sido feito um trabalho de organização e digitalização dos conteúdos.

José Arantes, responsável pelos arquivos da RTP, confessa que já os assumiu numa altura “complicada”: “O arquivo foi constituído em 1994, mas antes disso já existia uma acumulação de materiais de 160 anos”. E conta ainda que “todos os dias lá entram cerca de 500 notícias”.

Apesar da mudança de instalações, Jorge Morais, do arquivo do Diário de Notícias (DN), garante que todos os documentos estão bem conservados, e acrescenta que se pretende manter “todo o acervo do DN no mesmo espaço”.

Num trabalho de investigação dedicado ao tema, Sofia Craveiro conta que era prática comum as pessoas que visitavam os arquivos “levarem consigo documentos de interesse pessoal, por exemplo sobre a sua terra natal”.

Um jornalista que trabalhe na área do arquivo “reúne vantagens dos dois lados”, já que tem contacto com os documentos históricos e com a atualidade, sublinha Jorge Morais.

O trabalho de arquivo é moroso e complexo. José Arantes explica que “introduzir um conteúdo no arquivo é difícil porque é preciso fazer uma análise, catalogação e indexação, sendo por isso um trabalho moroso e caro”. Aliás, como referiu Cláudia Lobo, jornalista da Visão, e moderadora do painel, “preservar a memória não dá lucro”.

Por: Beatriz Graça | Instituto Politécnico de Tomar
Fotografia: Sofia Reis | ISCSP