Desinformação: “Quem faz são pessoas especialistas em criar ruído”

Desinformação: “Quem faz são pessoas especialistas em criar ruído”

 

“O Chega está mais disseminado do que pensamos e representa todas as classes sociais e profissionais”, sublinhou Miguel Carvalho, jornalista, no painel “Extrema-direita e o jornalismo”, no último dia do Congresso. O jornalista faz a cobertura deste partido há alguns anos e defende a importância de “conversar com os militantes e perceber o que pensam”. E refere: “O Chega não é de Marte, é de território nacional”. A influência do partido sobre a pessoas e a sua facilidade em comunicar não deve ser subvalorizada, adianta Miguel Carvalho: “Nós hoje chegámos ao ponto de ter André Ventura na Assembleia da República a dar uma entrevista a um influencer digital”.

Natália Viana, jornalista e diretora executiva da Agência Pública, sediada no Brasil, esteve envolvida num projeto de “Investigação Mercenária Digital” que tentou perceber quem lucra com o discurso de desinformação. E explica: “Quem o faz são pessoas especialistas em criar ruído e dúvidas sobre o sistema eleitoral, além de descredibilizar o sistema que monitora o voto dos cidadãos nas eleições”. Referindo o caso o Brasil, a jornalista abordou o sistema político que viveu recentemente um dilema político com Bolsonaro: “Os jornalistas sofreram muito com ataques por parte dos seus apoiantes. Para se defenderem acabaram por utilizar uma estratégia de silêncio, deixando de dar palavra a estes intervenientes”.

Os responsáveis pelo “tratamento desta desinformação criam uma infraestrutura digital e humana centralizada em congressos, influenciadores digitais e televisões, normalizam a mentira e a emergência de uma realidade alternativa.” Trata-se de “uma estratégia que usa os media para divulgar a palavra”. A jornalista conclui: “Se há uma coisa essencial no jornalismo é defender a democracia”.

Por: Beatriz Graça | Instituto Politécnico de Tomar
Fotografia: Íris Moreno | Instituto Politécnico de Tomar