“O desalento” é a palavra de ordem no jornalismo de proximidade
Os problemas do jornalismo de proximidade são os mesmos que os nacionais, mas numa escala “dez vezes pior”.
Foi este o cenário encontrado por Paulo Barriga, ex-diretor do “Diário do Alentejo” e cofundador do projeto Literacia para os Média e o Jornalismo da Direção-Geral da Educação, no périplo nacional de divulgação do 5.º Congresso de Jornalistas, que durou três meses.
Durante este período de “revisitação” ao jornalismo de proximidade, o jornalista percebeu as condições precárias dos seus pares locais, desde contratos que não cumprem o tempo estabelecido a salários sem horas extraordinárias pagas.
Mas nesta travessia, também encontrou aspetos positivos, como a originalidade dos conteúdos e uma mentalidade jovem. “Nem tudo está assim tão mau”, afirma, dando conta que há cooperativas de jornalistas, “como a Coimbra Coolectiva”, ou o jornal algarvio “Sul informação”, que são exemplos de jornalismo “novo, moderno e muito bem dirigido” . Só que o financiamento continua a ser um dos “maiores entraves” também no jornalismo local.
No jornalismo de proximidade existem diversas situações “perversas” como a excessiva proximidade com as fontes de informação locais. “Temos de conviver de perto com as fontes” e esse é um dos maiores entraves enfrentados pelos jornalistas dos meios de comunicação regionais. Paulo Barriga apela, sobretudo ao Estado, que tenha uma “intervenção imediata” pelo notório “deserto informativo que está, de facto, a avançar a uma velocidade estonteante no interior do país”. A palavra de ordem é o “desalento” entre os jornalistas dos diferentes territórios nacionais.